Post em 18/06/2012
JBDuquia
O MÉTODO KODÁLY: ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA DA CRIANÇA
O método é organizado de acordo com a
faixa etária das crianças.
Nas crianças de 3 a 4 anos, as aulas são de 30
minutos, duas vezes por semana, com um trabalho totalmente lúdico e informal. A
repetição da música é importante, e as músicas selecionadas possuem o mínimo de
notas possível, e um ritmo simples para trabalhar a coordenação motora.
A audição precisa ser preservada, além de
aprender a ouvir, não somente escutar. Desta maneira, no início do aprendizado
deve-se usar músicas simples, tais como “A Canoa Virou”, “Se eu fosse um
peixinho”, e assim por diante.
Quanto à preocupação rítmica, deve-se recitar
ou cantar com palmas, conforme o exemplo:
LÉ COM LÉ – palma, palma, palma;
CRÉ COM CRÉ – estrala, estrala, estrala.
UM SAPATO – palma, palma, palma;
EM CADA PÉ. – palma, palma, pé.
Pode haver variações, dando passos para frente,
para trás, formando rodas, tudo o que se “combinar”.
Propor uma atividade para desenvolver o lado
rítmico associadas com as atividades sonoras (com palma, pé boca, beijo,
assobio) ou mudas (gestos, olhos, cabeça).
Depois de muito treino corporal, mostrar
cartazes associando os desenhos juntos, onde serão “ti-ti-ti” e o maior,
“ta”.
Com crianças de 5 a 6 anos, Marli D´Avila
propõe que as crianças entrem na sala de mãos dadas, marchando, formando uma
roda, ouvindo um texto rítmico, como por exemplo, “1,2, feijão com arroz”,
acompanhando a marcha com o canto. Uma outra atividade que pode ser usada é o
movimento da mão para cima e para baixo, indicando sons agudos e graves.
Na linha melódica ou desenho rítmico, todas as
silabas deve ser marcadas com palmas, pés, estalos, e assim por diante.
Na pulsação, a marcação imita o coração, pois a
pulsação é o coração da música. Para esta atividade, a educadora musical sugere
para o treino de batimentos cardíacos dentro de uma pulsação com palavras, como
por exemplo:
1 palma: pensa na palavra pé;
2 palmas: pensa na palavra perna;
3 palmas: pensa na palavra pérola;
4 palmas: pensa na palavra pernilongo.
Marchar marcando a pulsação e perceber quantas
palmas em cada batida de pé, repetir muitas vezes cada palavra, mantendo a
pulsação com os pés ou, ainda, há possibilidade de uma variação, onde a
professora bate as palmas e o aluno com o dedo mostra quantas foram em cada
passo.
Analisar ou comparar marcações rítmicas e
linhas melódicas é um dos requisitos mais fortes do método Kodály, pois ajudam a
desenvolver a capacidade para a aprendizagem e a memorização.
Nas crianças de 7 anos, os princípios do método
Kodály possuem as seguintes preocupações:
-solfejo relativo;
-escrita relativa;
-perguntas e respostas com notas;
-melodia transformada em ritmo;
-memória melódica e rítmica;
- manosolfa (uso das mãos para indicar as notas
musicais indicadas).
Desta maneira, a professora canta trechos de
músicas e os alunos repetem cantando as notas musicais (usando apenas as três
notas aprendidas.
Sugestões de atividades para vivenciar o
ritmo:
1) Duas rodas, onde a de fora marcha para um
lado e a de dentro marcha para o outro, cantando uma determinada música
proposta.
2) Novamente, intercalando marcha cantada e
marcha pensada.
3) Mais um vez, porém intercalando marcha
cantada e canto pensado no lugar.
4) Marchar cantando 1, 2, 3, 4, em voz alta e
esperando em silêncio, permanecendo no mesmo lugar, o mesmo tempo (1, 2, 3, 4
).
Treino da seqüência do nome das notas
musicais:
1)Falar uma nota em cada marcação:
dó-ré-mi-fá-sol.
2)Falar duas notas em cada marcação: do-ré;
mi-fá; sol-lá; si-do;
3) Falar três notas em cada marcação: do-ré-mi;
fa-sol-lá; si-do ré; mi-fá-sol;
4) Falar quatro notas em cada marcação:
do-ré-mi-fá, e assim por diante.
Com as crianças de 8 anos, introduz-se a nota
si e fá (semi-tons). Os alunos cantam, dançam, e depois dramatizam a escala
através de passos.
O ditado rítmico através do cânone – a
professora inicia uma célula rítmica, os alunos esperam a próxima para fazer a
primeira, com a atenção voltada para a próxima que será feita, e assim
sucessivamente
Na introdução à pausa, usa-se uma figura como
“nota”, e o espaço vazio é a pausa (exposição). Podem ser usadas em frases
como:
I I I I I I I II II
Colher ()* de pau () existe () para ()
mexer.
• pausa.
Com as crianças de 9 anos, já inicia-se a
dramatização cantada, e a fase de sensibilização é para o desenvolvimento da
percepção auditiva – nível de audição e discriminação (ouvir, reproduzir e
classificar ) os parâmetros do som (altura, duração, intensidade e timbre); o
controle rítmico-motor – senso de pulso (tempo), senso de metro (compasso) e
coordenação motora; emissão vocal: afinação, respiração e colocação da voz.
A proposta feita para as crianças de 10 anos
concentra-se em manosolfa das canções folclóricas, , cânone com a escala
pentatônica, e adivinhar a canção por uma escala da lousa (com as letras
iniciais): L
S
M
R
D
L
O objetivo é cantar o mesmo que a professora,
porém uma quinta acima, e acompanhando com batidas da palmas e mão na
perna.
Controle Rítmico- Motor
A batida rítmica existe sempre, ela está
presente mesmo quando não podemos vê-la. Treinar ritmo de todas as formas para
interiorizar a pulsação e adquirir controle motor pode ser trabalhado em
brincadeiras – jogo de bola –ordem, seu lugar, batata-quente – nas danças, nas
cirandas, nas rodas – que é a melhor possibilidade. No compasso binário, a 2
pulsações, (A Canoa Virou), compasso ternário, a três pulsações, (O
Cravo).
Emissão Vocal
Cuidado com o processo de respiração, articular
adequadamente as palavras, cantar em volume médio, além de exercícios de
relaxamento para evitar a tensão. Melhora-se a emissão vocal cantando.
Com as crianças de 11 anos a emissão vocal já
pode ser trabalhada com as seguintes sugestões:
- brincar de carregar seu som com as mãos para
o colega (uma só nota);
- Levar o som “soluçando”;
-Subir a escada inspirando em um degrau e
expirando em outros, quantos puder inicialmente, para mais tarde poder expirar
em número de degraus determinados.
- Inspiração sem levantar os ombros e enchendo
a barriga;
-Imitar animais;
- Falar várias silabas com um só som
(silábico), e vários sons para uma mesma silaba (melismático).
- Solfejar “s”, “m”, “d” várias vezes, omitindo
então a nota “m”, para aumentar o intervao e afinar a 5º justa.
As crianças de 12 anos já entram com um
repertório barroco, cantam escalas cromáticas e mantem a experimentação de
muitos sons de instrumentos, tais como apitos, sinos, chocalhos, tampa de
panela, triângulo. Para cada canção analisa-se com o aluno o desenho rítmico,
que facilitará a memorização.
Outra sugestão é um exercício rítmico, falado
em roda, andando para o (s) lado (s), com variações:
TOK PADOK
PADOK TAK TIQUETÊ
TIQUETÊ TUMBA, TUMBA,TUMBA, TUMBA
Nos alunos de 13 anos inicia-se a prática
escrita que, na metodologia em questão, usa as letras das notas – escrita
inventada por John Curwem na Inglaterra.
Manossolfa e Mão
Guidoniana
Manossolfa é um sistema para orientar o
solfejo, isto é, determinar a altura dos sons, não por meio notas na pauta, e
sim, por gestos, a saber por disposições diversas dos dedos e das mãos.
O termo “mão guidoniana” veio de Guido D´Arezzo
que, verificando a insuficiência nos métodos de ensino musical inventou um
próprio, atribuindo a cada articulação e as pontas dos dedos um dos 20 sons do
sistema musical de então. Os alunos, estudando a solmização, liam os intervalos
e as escalas, uma vezque dominavam a mão guidoniana. Muito embora a mão
guidoniana não tivesse passado de um meio mnemônico, (se bem que muito
engenhoso), ela transformou-se em em uma espécie de fetiche, considerada pelos
teóricos medievais como expressão de toda a sabedoria musical.